NO ALTO DA SERRA DO MONTEMURO
Será com muito gosto que voltaremos à Gralheira na serra do Montemuro, hoje marcada por dezenas de torres das eólicas, ao encontro de Carlos Silvestre, um amante da sua terra, um estudioso dos usos e costumes das gentes serranas.
Ali, no alto da serra, falou-se das rogas para as vindimas do Douro, dos rebanhos, dos locais e dos que vinham, em transumância, da serra da Estrela, das plantas silvestres comestíveis e da urgueira que dava carvão; falou dos comerciantes desse carvão e dos outros almocreves que cruzavam a serra e ainda da história verídica da Delfina, padeira, a Gaga, que ia vender o pão de Felgueiras nas povoações do vale da Paiva.
Descalças, de canastra à cabeça, caminhavam horas e batiam léguas para, de porta em porta, levarem as precisões em troca de dinheiro ou ovos.
O mesmo se passava com a sardinheira que subia do Douro até à Gralheira.
A sardinheira para além da sardinha, carregava as pesadas pinhas com os pinhões do Natal.
A Gralheira faz fronteira com os concelhos de Castro Daire e Resende.
Da povoação, vê-se, a norte, a pequena aldeia da Panchorra.
Ao fundo desta povoação, encontrámos bucólica paisagem com interessante ponte romana.
Aqui fica uma imagem deste quadro maravilhoso, captada, em momento feliz, pelo nosso fotógrafo Alcides Riquito.
Será junto a esta ponte, em cima das lajes da estrada romana, que iremos continuar, com Carlos Silvestre, a nossa segunda viagem por terras da Gralheira.
Junto à ponte romana da Panchorra, admirando os sulcos cavados na rocha pelos carros de bois e carroças, continuaremos a ouvir as estórias que marcavam anualmente a vida das nossas aldeias como o tocar do corno pelo Carnaval ou as travessuras pelo S. João.
Há um século estas aldeias da serra estavam repletas de crianças, jovens e adultos que aqui trabalhavam e se divertiam.
Dentro de duas semanas contamos voltar à Gralheira para visitarmos a povoação e, em lugares marcados, ouvirmos mais algumas estórias que vão também compondo a história do Som da Gente.