MOLDES DE AROUCA
O próximo programa de O Som da Gente foi gravado em Moldes, freguesia contígua, a nascente, da vila de Arouca, onde este fim de semana decorre mais uma Feira da Colheitas.
Esta freguesia que pertence ao distrito de Aveiro e à diocese do Porto tem como orago Sto Estêvão.
A paróquia de Moldes tornou-se independente da de S. Bartolomeu de Arouca em 1844. A população de Moldes teve que esperar pela época liberal para então se libertar da dependência do mosteiro de Arouca. As freiras deste cenóbio sempre se opuseram a esta independência talvez porque as terras férteis do vale de Moldes pagavam boas rendas ao mosteiro da vila.
Moldes pertenceu, no início, à diocese de Lamego e agora faz parte da diocese do Porto.
Apesar da paróquia de Moldes contar com menos de duzentos anos, a origem dos seus povoados remonta ao tempo em que os muçulmanos dominavam estas paragens. À época da reconquista cristã que partiu das Astúrias.
Segundo Almeida Fernandes e Simões Júnior, o termo Moldes está ligada à palavra latina molinos que significa moinhos. Existem documentos que comprovam que no rio de Moldes havia quarenta levadas e e trinta e oito moinhos.
Ainda hoje se nota por aqui uma abundância de água que faz com que estas encostas se encontrem cobertas de um verde escuro durante todo o ano.
Foi essa vegetação luxuriante que encontrámos a caminho de Fuste para visitarmos a capela de santa Catarina, a romaria com mais tradição na freguesia.
A nossa visita à freguesia de Moldes foi orientada pela Dra. Ana Cristina Martins, elemento da Junta de Freguesia e directora do Conjunto Etnográfico de Moldes de danças e Corais Arouquenses.
A sua origem, em 1945, está ligada à Feira das Colheitas, evento que decorre este fim-de-semana na vila de Arouca.
Foi um dos grupos fundadores da Federação do Folclore Português e organiza anualmente, em Agosto, na vila, o Festival Internacional de Folclore. Este ano foi o trigésimo.
Para além das danças e cantares, o Conjunto Etnográfico de Moldes , neste trabalho de recolha e preservação da nossa cultura, editou as revistas Rurália e Cultura Popular com interessantes trabalhos publicados de índole etnográfico.
O grupo preserva ainda os tradicionais corais polifónicos com as suas cantas (duas vozes) e cramois (três vozes). São Cânticos antiquíssimos que foram guardados, sobretudo, entre as mulheres.
Fotos: Alcides Riquito