ARTESÃOS DE PENALVA
Um dia um "Homem" olhou a primeira vez, com espanto, o primeiro gesto "consciente" das suas mãos livres que aperfeiçoavam o primeiro utensílio. Foi então que se ergueu, triunfalmente, o primeiro artesão.
http://www.cm-penalvadocastelo.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=106&Itemid=342
Como se pode verificar, esta frase encontra-se na internet, na secção dedicada ao turismo, da página da Câmara Municipal de Penalva do Castelo.
Aí também podemos dar conta que este concelho sempre contou, e conta, com muitos artesãos.
Por isso, O Som da Gente foi, mais uma vez, até Penalva à procura do que resta dos nossos artesãos.
No lugar de Vales, freguesia de Castelo de Penalva, encontrámos o empalhador Sílvio Fernandes.
Nasceu no Luso mas mudou-se para Penalva, por via de um segundo casamento.
Trabalha o vime desde os seis anos e aprendeu a arte com os pais que empalhavam os garrafões das Águas do Luso.
Agora trabalha para uma empresa da Serra da Estrela e para outra do Vinho do Porto. Podemos acrescentar que esta actividade foi e ainda é para Sílvio Fernandes um sucesso, mesmo sob o ponto de vista comercial.
A visão para o negócio levou-o, no Luso, também para a restauração, actividade que exercia a par do empalhamento.
Embora se fale em empalhamento, não é a palha que estes artesãos utilizam.
É o vime, descascado nesta altura do ano.
O vime que Sílvio Fernandes utiliza é produzido pelo próprio e, quando não chega, compra algum aos espanhóis.
Depois de seco, é transformado em tiras, em máquina própria que o artesão calibra com arte.
A par do empalhamento, Sílvio Fernandes dedica-se ultimamente também à cestaria, utilizando o vime inteiro, descascado ou cozido com casca. Outros cestos são feitos de tiras de castanho. Estas são abertas manualmente. A máquina que corta o vime não consegue fazer o mesmo na madeira do castanheiro.
Dos Vales e da freguesia de Castelo de Penalva, descemos até Pindo, junto à barragem de Fagilde, ao lado da capela de Nossa Senhora da Ribeira.
Fomos à procura de Joaquim Gomes, invisual, que faz interessantes entrançados em corda com madeira.
Joaquim Gomes vive na Quinta do Sargaçal, tem 51 anos e, de nascença, apenas tem dez por cento de visão.
Apenas com corda e madeira, faz interessantes bancos e cadeiras.
As dificuldades na aprendizagem escolar e a deficiência não o impedem de lidar com perigosas máquinas eléctricas.
Corta e aplaina a madeira. Encaixa as peças e urde interessantes teias para os assentos dos seus bancos e cadeiras.
Só visto.
Fotos: Alcides Riquito