S. MACÁRIO
De 23 a 28 de Setembro, o Departamento dos Bens Culturais da Diocese de Viseu levou a efeito um conjunto de iniciativas tendo em vista mostrar o património com actividades em diversos locais da diocese.
Na rota do património religioso, o grupo excursionista foi também à serra de S. Macário para visitar as capelas de cima e de baixo.
Para além dos registos sonoros, feitos no local, no acompanhamento desta visita, servimo-nos para suporte do próximo programa de O Som da Gente, e mais uma vez, da literatura do dr António Nazaré de Oliveira.
A visita às capelas de S. Macário foram orientadas pelo arqueólogo Pedro Pina e pela historiadora Fátima Eusébio.
Junto à capela de S. Macário de Baixo Pedro Leitão leu parte do poema de Eugénio de Castro sobre uma das lendas do santo.
O culto de S. Macário naquela serra deve ser relativamente tardia, pois documentos dos inícios do seculo XII designam esta serra por "mons magaio" e "mons macario". Em qualquer dos casos, ligam ao topónimo a ideia do culto cristão daquele santo. Admite-se que ali se teria exercido o culto pagão do deus lusitano, mais tarde romanizado, Macarius, que, segundo Leite de Vasconcelos, seria uma divindade naturalística.
A ermida de baixo foi mandada construir pelo abade de Sul, depois de uma questão com a paróquia de S. Martinho das moitas quanto à distribuição dos rendimentos da capela de S. Macário de Cima.
A demanda foi decidida a favor do pároco de S. Martinho, ficando o de Sul apenas com o "direito de ir à ermida com uma procissão de ladainha, no dia da romaria". 0 abade de Sul, licenciado João de Mello Abreu Falcão, não se conformou com a perda dos rendimentos e mandou edificar segunda ermida, no sitio da gruta onde, segundo a tradição, teria vivido o santo, mandando também construir junto dela uma casa para o ermitão.
Fotos: Alcides Riquito